— Não desejo ter esta discussão contigo, irmã – negou andando para fora do cômodo, cuidando para que as vestes não sujassem perto das paredes recém pintadas.
— Theodore, volte aqui imediatamente, a sua princesa o comanda – Théo virou-se para trás, encarando a jovem antes de ambos caírem na risada, se olhando como se tivessem dito algo absurdamente engraçado, mas ninguém ali parecia ter entendido.
Théo era o mais velho dos filhos de Rainier e Sophie Grimaldi, o Rei e a Rainha de Mônaco, logo, o primeiro na linhagem do trono, exceto pelo fato de que já se tornara Rei, pelo menos parcialmente. Rainier não saia da cama há mais de dois anos, havia sofrido um acidente andando a cavalo e, embora permanecesse vivo, ninguém podia explicar o porquê de o Rei não voltar a si. Théo assumiu como Príncipe Regente e dois meses depois foi anunciado para o jovem que precisava casar-se para assumir como Rei, o que foi uma grande surpresa para todos na residência, já que ainda tinham esperança de que Rainier voltasse a si.
Quase dois anos após aquela declaração Theodore ainda não havia encontrado uma esposa adequada. Estivera na presença de mais de cem portadoras de sangue real, letradas, estudadas, das mais bonitas as mais hediondas jovens e senhoras que já conhecera. Discutira o fazer um bordado até o futuro da nação, mas nenhuma delas chegou a dar um mínimo sinal de que poderia ocupar o cargo de Rainha de Mônaco e, esperançosamente, do coração de Théo. Sophie estava desolada e começando a acreditar que talvez devesse passar o trono adiante, a Princesa Laurent havia sido instruída tão bem quanto o irmão. Tudo que precisava fazer era pedir que ele renunciasse.
E Théo renunciaria, se não houvesse se empolgado com sua nova carreira, afazeres e deveres com seu povo, amava o que fazia e por isso não queria ter de dividir seu tempo com mais ninguém. Só que se queria manter as coisas assim, precisava casar-se. Foi quando Laurent deu a brilhante ideia de mudarem-se para Londres durante a temporada, ela era fascinada com a temporada de bailes e um certo jornal que mandava importar diariamente, um tal de Lady Whistledown.
Claro que o Príncipe leu algumas edições, entretendo-se com as confusões e fofocas da sociedade londrina, mas nada ali o fazia ter vontade de ir atrás de uma esposa naquele lugar. Ainda assim, precisava.
Agora encontravam-se os dois, frente a frente, no corredor da mais nova residência dos Grimaldi, porém agora dividiam o sobrenome de sua mãe: Brignole. Théo e Laurent haviam decidido que não iriam, inicialmente, apresentar-se como membros da monarquia de Mônaco. Seriam apenas dois, muito bem apossados, Lady Brignole e o Duque de Valentinois.
Em sua ausência, a Rainha Sophie fazia o possível para manter tudo em ordem, mas vez ou outra, Théo precisava ir a Mônaco. Poderia acabar por perder um ou dois eventos da Alta Sociedade, mas não se importava, afinal achava que jamais encontraria sua alma gêmea ali.
Enfim, Laurent e Théo terminavam a incessante risada, ele por um momento quase pôs as mãos numa parede ainda úmida, odiava que tinha sido uma decisão tão repentina que nada ficara pronto a tempo. Observou a irmã da cabeça aos pés, se não corresse o suficiente ela acabaria casando primeiro e ele teria de renunciar ao trono.
— Está belíssima, irmã. Espero que case, mas não antes de mim – os dois trocaram mais uma risada
— Sei que acha que vou encontrar alguém aqui, contudo, estamos em Londres há quase uma semana e não tive o prazer de me deparar com uma dama sequer interessante. — Théo, a última coisa que quero é ter de tomar o trono de você, não irei aceitar que isso ocorra – ela o encarou com sinceridade e compaixão
— Mesmo que eu me case, não tomarei teu lugar de direito.
— Não irá ter esta opção, irmã, é este o motivo pelo qual não iremos discutir esta situação, e estamos atrasados. Theo ignorou qualquer outra palavra que pudesse ter saído dos lábios da outra, tomando seu caminho até a porta da residência, o cocheiro os esperava com a carruagem aberta. O Príncipe foi entrando rapidamente, esperando que a irmã chegasse logo atrás.
...
A sala dos rapazes estava coberta de grandes bobões ingleses. Théo tirou aquela conclusão nos primeiros trinta segundos que ficara ali, ou muito novos, ou velhos, mas todos completamente idiotas. E como bons homens, falavam única e exclusivamente em moças que, segundo eles, portavam uma beleza de outro mundo e nenhuma inteligência. Era tudo o que eles queriam.
Quando enfim pode se livrar deles, as portas se abriram conforme um lacaio anunciava o novo nome de Théo.
— O Duque de Valentinois, do principado de Mônaco. Adentrou a sala, sentindo o tapete vermelho abaixo de seus pés parecer um grande buraco capaz de suga-lo para dentro. Ao seu redor, mães, pais, moças e moços o encaravam entrar, todos aparentavam a curiosidade de saber quem era ele, mais à frente a família real. Tivera o prazer de nunca ter conhecido sequer um único membro, raras foram as vezes em que o Rei Guilherme estivera em Mônaco, logo, mal sabia da existência do Príncipe Regente, quem dirá de como ele se parece e os títulos que carrega.
Reverenciou os membros reais, prestando atenção em cada um, afinal, soubera que ambas as princesas estavam solteiras. Mas nenhuma das dois o cativara, especialmente a mais velha, que tinha o olhar de quem não estava feliz com a situação. Saiu tão rápido quanto entrou, tomando seu caminho para o jardim real, onde pretendia esperar por Laurent.
Dom Jan 07, 2024 6:50 pm por Lady Whistledown
Seg Nov 13, 2023 11:08 am por Lady Whistledown
Ter Nov 07, 2023 12:02 am por Aleksander M. McQuinston
Sáb Nov 04, 2023 12:16 am por Pierre Ferdinand Bourbon
Seg maio 08, 2023 12:04 am por Arthur Edward McQuinston
Ter Abr 11, 2023 2:03 am por Lady Whistledown
Seg Abr 10, 2023 10:14 pm por Lady Whistledown
Ter Mar 28, 2023 10:16 pm por Lady Whistledown
Seg Mar 27, 2023 10:51 pm por Lady Whistledown
Qua Fev 02, 2022 6:56 pm por Lady Whistledown